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É BÍBLICO PASTORES RECEBEREM SÁLARIO? DESCUBRA A VERDADE

Mãos trocando notas de dinheiro, simbolizando o sustento pastoral e o debate sobre o apoio financeiro aos ministros do evangelho.
Os pastores devem receber salário? Essa pergunta tem gerado debates acalorados no meio cristão há séculos. Enquanto alguns defendem que o sustento pastoral é um direito bíblico, outros argumentam que seria um desvio dos ensinamentos de Jesus. Afinal, não foi o próprio Cristo quem disse: ‘De graça recebestes, de graça dai’? E o apóstolo Paulo, ao evitar ser um peso para a igreja, não endossou a ideia de um ministério sem remuneração?

Este estudo bíblico busca examinar cuidadosamente as Escrituras para responder a essas questões, analisando tanto os argumentos a favor quanto às objeções. Vamos explorar o que a Palavra de Deus realmente ensina sobre o tema, deixando de lado preconceitos ou ideias preconcebidas. Você está pronto para descobrir a verdade bíblica sobre o sustento pastoral?

I - JESUS E OS DOZE RECEBEM SUSTENTO


"E aconteceu, depois disso, que andava de cidade em cidade e de aldeia em aldeia, pregando e anunciando o evangelho do Reino de Deus; e os doze iam com ele, e também algumas mulheres que haviam sido curadas de espíritos malignos e de enfermidades: Maria, chamada Madalena, da qual saíram sete demônios; e Joana, mulher de Cuza, procurador de Herodes, e Suzana, e muitas outras que o serviam com suas fazendas" - Lucas 8.1-3

Este texto apresenta um aspecto importante do ministério terreno de Jesus: o sustento de suas atividades evangelísticas. Jesus e seus discípulos viajavam constantemente, pregando o evangelho do Reino de Deus de cidade em cidade e de aldeia em aldeia.

Para viabilizar esse ministério itinerante, eles contavam com o apoio de mulheres que, tocadas e transformadas pelo evangelho, dedicaram seus recursos para o sustento da missão.

O termo "fazendas" usado na tradução Almeida Revista e Corrigida (ARC) é traduzido em outras versões como "seus bens" (ACF; NVI) ou "recursos" (NTLH). A Nova Versão Transformadora (NVT) esclarece ainda mais ao dizer que essas mulheres "contribuíam com seus próprios recursos para o sustento de Jesus e seus discípulos".

Essa diversidade de traduções ajuda a entender que o sustento referido é material e financeiro, demonstrando o papel ativo dessas mulheres no ministério de Jesus Cristo.

Hernandes Dias Lopes ressalta que essas mulheres, ao serem libertas e transformadas pelo poder de Jesus, passaram a acompanhá-lo e a servi-lo com seus bens.¹ Elas não apenas testemunhavam os milagres e os ensinamentos de Cristo, mas também participavam diretamente do avanço do Reino de Deus, garantindo que Ele e seus discípulos tivessem os recursos necessários para continuar sua obra.

O relato de Lucas evidencia um princípio fundamental: o sustento material é parte essencial do ministério terreno de Jesus. Embora tivessem sido chamados diretamente por Deus, receberam suporte financeiro daqueles que reconheceram o valor do evangelho e se dispuseram a contribuir para que a mensagem também chegasse a outros.

II - DE GRAÇA RECEBESTES, DE GRAÇA DAI


Em certo momento de seu ministério, Jesus comissionou os 12 apóstolos a anunciarem o Reino dos Céus às ovelhas perdidas da casa de Israel. Durante essa missão, Ele os instruiu claramente:

"Curem os enfermos, ressuscitem os mortos, purifiquem os leprosos, expulsem os demônios. Vocês receberam de graça; deem também de graça." - Mateus 10.8

Esse versículo é frequentemente usado por aqueles que argumentam que pastores não deveriam receber salário, sob a justificativa de que cobrar por seu trabalho seria um pecado. Contudo, será que este texto realmente fundamenta tal visão? Para compreender, é necessário analisá-lo à luz do seu contexto.

O Contexto do Comissionamento

Aqui, Jesus está se referindo especificamente ao poder e autoridade sobrenatural que Ele conferiu aos apóstolos. Eles receberam de graça o dom para realizar milagres como curar enfermos, ressuscitar mortos e expulsar demônios. A instrução de “dar de graça” significa que essas manifestações espirituais, concedidas sem custo, não poderiam ser comercializados ou vendidas.

Este princípio é ilustrado em Atos, quando Simão, um novo convertido que antes praticava artes mágicas, tenta comprar o poder de transmitir o Espírito Santo por meio da imposição de mãos:

"Então, lhes impuseram as mãos, e receberam o Espírito Santo. E Simão, vendo que pela imposição das mãos dos apóstolos era dado o Espírito Santo, lhes ofereceu dinheiro, dizendo: 'Dai-me também a mim esse poder, para que aquele sobre quem eu puser as mãos receba o Espírito Santo.' Mas Pedro lhe respondeu: 'O teu dinheiro seja contigo para perdição, pois cuidaste que o dom de Deus se alcança por dinheiro. Tu não tens parte nem sorte nesta palavra, porque o teu coração não é reto diante de Deus.'" - Atos 8.17-21

Simão tentou adquirir, com dinheiro, aquilo que é concedido por Deus gratuitamente. Pedro, no entanto, deixa claro que as manifestações espirituais não são comercializáveis. Assim, o princípio estabelecido por Jesus em Mateus 10.8 refere-se exclusivamente à gratuidade no uso da realização de milagres para edificação do povo de Deus.

O Salário Pastoral Está em Questão?

A passagem não aborda diretamente a questão do sustento pastoral ou o recebimento de salário por ministros do evangelho. Jesus estava ensinando sobre a natureza de dons sobrenaturais, e não sobre o princípio de sustento material. Como veremos nos próximos tópicos, o próprio Jesus e os apóstolos ensinam que os ministros da Palavra têm o direito de serem sustentados pelo trabalho que realizam no Reino de Deus.

Portanto, é incorreto interpretar este versículo como uma proibição ao sustento pastoral. A ordem de "dar de graça" refere-se aos atos de curar os enfermos, ressuscitar os mortos, purificar leprosos e expulsar os demônios, e não à questão prática de suprir as necessidades materiais daqueles que se dedicam integralmente ao ministério.

III - O OBREIRO É DIGNO DO SEU SALÁRIO


Ao enviar os apóstolos para ministrar às ovelhas perdidas da casa de Israel, Jesus instruiu-os sobre como deveriam realizar sua missão, incluindo orientações práticas sobre dependência e sustento:

"Não levem nem ouro, nem prata, nem cobre em seus cintos; não levem nenhum saco de viagem, nem túnica extra, nem sandálias, nem bordão; pois o trabalhador é digno do seu sustento. Na cidade ou povoado em que entrarem, procurem alguém digno de recebê-los, e fiquem em sua casa até partirem." - Mateus 10.9-11

Essas palavras de Jesus contêm ensinamentos profundos sobre a provisão divina e o reconhecimento humano pelo trabalho no Reino de Deus. Ao orientar os apóstolos a não levarem dinheiro, roupas extras ou mesmo itens básicos de viagem, Jesus está sublinhando que eles deveriam confiar completamente em Deus para o sustento necessário durante sua missão.

Porém, esse sustento viria através das pessoas a quem eles ministrariam, reforçando o princípio de que “o trabalhador é digno do seu sustento”. Isso significa que aqueles que recebiam os benefícios espirituais da pregação do Evangelho teriam a responsabilidade de suprir as necessidades materiais dos apóstolos.

O Princípio do Sustento

Em Lucas 10.3-9, vemos uma orientação semelhante dada por Jesus aos setenta discípulos enviados para pregar:

"E não leveis bolsa, nem alforje, nem sandálias... E qualquer casa em que entrarem, comam e bebam o que eles tiverem, pois digno é o obreiro de seu salário. Não andeis de casa em casaE, em qualquer cidade em que entrardes e vos receberem, comei do que vos puserem diante. E curai os enfermos que nela houver e dizei-lhes: É chegado a vós o Reino de Deus".

Aqui, Jesus reforça que os obreiros do Reino são trabalhadores, e, como tal, têm direito a receber seu sustento daqueles a quem ministram. Contudo, Ele também ensina que esse sustento deve ser aceito com gratidão e sem ganância.

Os discípulos foram instruídos a permanecer na casa em que fossem recebidos, comendo e bebendo o que lhes fosse oferecido, sem procurar por acomodações mais confortáveis ou por famílias mais ricas.

Lições de Equilíbrio

Os ensinamentos de Jesus revelam um equilíbrio:

  • Direito ao sustento: Os discípulos, como obreiros do Reino, têm direito de receber sustento por seu trabalho. Isso inclui necessidades materiais como alimentação, hospedagem e recursos básicos como sandálias.

  • Rejeição da ganância: Ao mesmo tempo, os obreiros são chamados a contentar-se com o que recebem, evitando a busca por luxo ou benefícios desproporcionais.

  • Este princípio se aplica a todos os que servem no ministério: o sustento material é uma expressão legítima de apoio àqueles que dedicam suas vidas à obra de Deus. No entanto, esse sustento deve ser recebido e utilizado com humildade e responsabilidade, refletindo a confiança no Senhor como a verdadeira fonte de provisão.

Sustento, Não Comércio

É importante notar que, embora os discípulos fossem sustentados, eles foram instruídos a não cobrar por milagres, curas ou qualquer manifestação do poder divino. A gratuidade no uso dos dons espirituais está em harmonia com o princípio de sustento material: enquanto os dons não são comercializáveis, o sustento digno é um reconhecimento legítimo do trabalho espiritual realizado pelos obreiros.

Assim, Jesus estabelece um modelo equilibrado para o ministério: dependência de Deus para o sustento, valorização do trabalho no Reino e rejeição de qualquer motivação gananciosa. O trabalhador é, de fato, digno do seu salário, mas a obra de Deus deve sempre refletir humildade e confiança no provedor celestial.

IV - DIREITO DE COMER, BEBER E DEIXAR DE TRABALHAR


Na primeira epístola aos Coríntios, Paulo levanta uma questão fundamental sobre o direito dos ministros do evangelho de serem sustentados por seu trabalho no Reino:

"Será que nós não temos o direito de comer e beber? Será que não temos o direito de levar conosco uma mulher crente como esposa, como fazem os demais apóstolos, os irmãos do Senhor e Cefas? Ou será que somente eu e Barnabé temos de trabalhar para viver?" - 1 Coríntios 9.4-6

Aqui, Paulo afirma que ele e Barnabé têm os mesmos direitos que os demais apóstolos, incluindo:

  • O direito de comer e beber, ou seja, de receber sustento material.

  • O direito de levar uma esposa crente, sendo sustentados juntos, como ocorre com outros apóstolos.

  • O direito de deixar de trabalhar em atividades seculares para se dedicarem exclusivamente ao ministério do Reino de Deus.

A Nova Versão Internacional (NVI) é mais clara na tradução do versículo 6: "Ou será que apenas eu e Barnabé não temos o direito de deixar de trabalhar para termos sustento?"

O Princípio da Comparação

Paulo segue utilizando uma analogia prática para demonstrar que é natural e justo que aqueles que trabalham em uma obra vivam dela:

"Quem serve como soldado às suas próprias custas? Quem planta uma vinha e não come do seu fruto? Quem apascenta um rebanho e não bebe do seu leite?" - 1 Coríntios 9.7

Esses exemplos ilustram situações comuns em que o trabalhador é sustentado em razão do fruto do trabalho realizado:

  • O Soldado: Nenhum soldado vai à guerra às suas próprias custas. Ele é equipado e mantido pela autoridade que o enviou, além de receber salário pelos serviços prestados.

  • O Agricultor: Quem planta uma vinha tem o direito de desfrutar dos frutos de seu trabalho, ou seja, o resultado é colher dos frutos do que foi semeado.

  • O Pastor de Rebanhos: Aquele que apascenta o gado naturalmente obtém sustento do rebanho que cuida.

Donald S. Metz explica que essas ilustrações demonstram um princípio universal: “O homem que consagra seu trabalho a uma obra deve ser capaz de viver dela.”² Assim como o soldado, o agricultor e o pastor recebem sustento de sua missão, os ministros do evangelho têm o direito de serem sustentados pelas igrejas a quem servem.

A Lógica Bíblica do Sustento

Esse princípio, fundamentado em uma lógica simples e prática, reflete também as responsabilidades das igrejas em prover o sustento necessário aos seus ministros. Não se trata de um privilégio, mas de um direito reconhecido pela Palavra de Deus e pela prática apostólica.

Paulo, no entanto, ao longo da carta, detalha que, embora tenha esse direito, ele escolheu não fazer uso dele em Corinto por razões específicas, como evitar impedimentos ao evangelho. Contudo, isso não invalida o princípio geral: aqueles que dedicam suas vidas ao ministério espiritual têm o direito de viver do sustento material provido por aqueles que são beneficiados por seu trabalho.

No próximo tópico, Paulo reforça essa ideia ao citar princípios das Escrituras que validam o sustento pastoral, revelando o cuidado de Deus com os que trabalham na seara espiritual.

V - NÃO ATARÁS A BOCA AO BOI QUANDO DEBULHA


Na defesa do direito ao salário pastoral, o apóstolo Paulo recorre à autoridade das Escrituras, citando diretamente a Lei de Moisés:

"Digo eu isto segundo os homens? Ou não diz a lei também o mesmo? Porque na lei de Moisés está escrito: Não atarás a boca ao boi que trilha o grão. Porventura tem Deus cuidado dos bois? Ou não o diz certamente por nós? Certamente que por nós está escrito; porque o que lavra deve lavrar com esperança, e o que debulha deve debulhar com esperança de ser participante." - 1 Coríntios 9.8-10

O apóstolo está utilizando um mandamento aparentemente simples, mas cheio de significado, para ilustrar um princípio universal: assim como o boi que trabalha na debulha deve poder comer do grão que ajuda a produzir, aqueles que ministram no Reino de Deus também devem compartilhar dos frutos de seu trabalho.

O Contexto da Lei

Na Lei de Moisés, o cuidado com os bois que trabalhavam na debulha é um exemplo de compaixão e justiça. Donald S. Metz comenta sobre o significado prático e simbólico desse mandamento:

"O boi que puxava a pesada mó do debulhador não devia usar uma focinheira, e precisava ter a permissão de comer o grão que ajudava a debulhar. Aqueles que estão envolvidos na debulha e na lavoura fazem isso na esperança de compartilhar os resultados do seu trabalho, e os apóstolos e os ministros devem fazer o mesmo."³

Assim, a aplicação feita por Paulo deixa claro que o mandamento vai além do cuidado com os animais. Ele aponta para uma verdade espiritual maior: Deus se preocupa com a justiça no trabalho e com o sustento dos que dedicam suas vidas ao serviço do Reino.

O Princípio Espiritual

Ao citar esse texto, Paulo enfatiza que os ministros da Palavra trabalham com a expectativa de participar dos frutos espirituais e materiais de sua obra. Assim como o boi que debulha espera se alimentar do grão, os obreiros do evangelho realizam seu trabalho com a esperança legítima de que suas necessidades sejam supridas.

Esse princípio reforça a ideia de que o sustento pastoral não é uma concessão ou um privilégio, mas uma prática justa e bíblica, reconhecida pela própria Lei de Deus. Aqueles que trabalham na obra espiritual devem ter a segurança de que suas necessidades materiais serão atendidas, permitindo que desempenhem suas funções sem distrações ou preocupações excessivas.

VI - O QUE SEMEIA COISAS ESPIRITUAIS RECOLHE AS MATERIAIS


Paulo ensina, de forma clara e direta, que aqueles que semeiam as coisas espirituais — ou seja, a mensagem do evangelho — têm o direito de receber, em contrapartida, coisas materiais daqueles a quem ministram. Ele expressa esse princípio em 1 Coríntios 9.11:

Se nós vos semeamos as coisas espirituais, será muito recolhermos de vós bens materiais?

Essa mesma ideia aparece em outras cartas de Paulo, reforçando a legitimidade do sustento pastoral:

  • Aos Gálatas: "O que é instruído na palavra reparta de todos os seus bens com aquele que o instrui" (6.6).

  • Aos Romanos: "Isto lhes pareceu bem, e mesmo lhes são devedores; porque, se os gentios têm sido participantes dos valores espirituais dos judeus, devem também servi-los com bens materiais" (15.27).

Esses textos confirmam um princípio central: aqueles que ministram e compartilham os tesouros espirituais têm o direito legítimo de receber apoio material daqueles que se beneficiam de seu ministério. Esse é um relacionamento de reciprocidade, onde a semente espiritual gera frutos materiais que sustentam os obreiros do Reino.

Direito, Não Concessão

Paulo não trata o sustento ministerial como uma mera possibilidade ou concessão. Ele afirma que se trata de um direito adquirido, fundamentado nas Escrituras e na prática apostólica. Isso é confirmado pelo apelo à Lei de Moisés, que determinou o "não atarás a boca ao boi" e também em sua própria autoridade apostólica para doutrinar a Igreja:

"Se outros participam desse direito sobre vós, não o temos nós em maior medida?" - 1 Coríntios 9.12

A analogia com a Lei, especialmente o mandamento de não atar a boca ao boi que debulha (1 Co 9.9), reafirma que Deus ordena que os obreiros, ao dedicarem-se plenamente ao serviço espiritual, recebam seu sustento material.

Portanto, é biblicamente claro que ninguém tem autoridade para proibir ou reter o sustento daqueles que ministram a Palavra. O princípio é tão sólido que transcende culturas e épocas, mostrando que o apoio material aos ministros do evangelho é não apenas justo, mas também uma expressão de obediência à vontade de Deus.

VII - OS QUE ANUNCIAM O EVANGELHO DEVEM VIVER DO EVANGELHO


"Não sabeis vós que os que prestam serviços sagrados do próprio templo se alimentam? E quem serve ao altar do altar tira o seu sustento?" - 1 Coríntios 9.13

Paulo, ao escrever aos coríntios, relembra a prática estabelecida no Antigo Testamento, onde sacerdotes e levitas recebiam sustento por meio das ofertas trazidas ao templo. Eles dedicavam suas vidas ao serviço do ministério, cuidando do altar e das cerimônias sagradas, e, em troca, eram mantidos pelas primícias do que era trazido pelo povo.

Esse sistema era regulamentado em várias passagens da Lei. Por exemplo:

  • Números 18.8-32: Onde os levitas recebem parte dos dízimos e das ofertas como direito.

  • Levítico 6.14-17, 36: Onde é detalhado as porções das ofertas que eram destinadas por direito aos sacerdotes.

O Paralelo entre Antiga e Nova Aliança

Paulo argumenta que, se sob a Lei, os ministros recebiam sustento por meio do templo, o mesmo princípio deveria se aplicar no Novo Testamento, agora sob a graça. A lógica é clara: se os sacerdotes da Antiga Aliança eram mantidos pelo povo que serviam, por que os ministros do evangelho, na Nova Aliança, não deveriam ser igualmente sustentados pelo povo a quem servem?

Essa transição do Antigo para o Novo Testamento é sublinhada na conclusão de Paulo:

"Assim ordenou também o Senhor aos que pregam o evangelho, que vivam do evangelho." - 1 Coríntios 9.14

A Autoridade da Ordem de Cristo

Paulo não deixa margem para interpretações dúbias. Ao dizer "assim ordenou também o Senhor", ele faz referência direta à ordem de Jesus, conectando o sustento dos ministros da Palavra com o princípio estabelecido na prática do Antigo Testamento.

Hernandes Dias Lopes ressalta a importância dessa declaração ao afirmar:

"Paulo diz que este é um princípio fundamental que a igreja não pode negligenciar. Essa não é uma ordem qualquer, mas um mandamento direto do Senhor Jesus. Aquele que trabalha no ministério deve viver do ministério. A ordem é revestida da mais alta autoridade, visto que veio de Cristo."³

Essa afirmação deixa claro que o sustento pastoral não é opcional ou circunstancial, como já mencionamos, mas um mandamento direto de Deus, que reflete tanto a justiça quanto a responsabilidade do povo de Deus para com aqueles que os servem espiritualmente.

O argumento de Paulo é consistente e bem fundamentado: o sustento dos ministros é uma prática bíblica, estabelecida tanto sob a Lei quanto reafirmada na graça por meio de Cristo. Assim como os sacerdotes e levitas viviam das ofertas no templo, os ministros do evangelho devem viver do evangelho, sustentados por aqueles a quem ministram.

VIII - OS QUE GOVERNAM BEM SÃO DIGNOS DE DUPLICADA HONRA


Na epístola a Timóteo, Paulo aborda a questão do reconhecimento e sustento dos líderes espirituais, reforçando sua importância e dignidade no serviço do Reino:

"Os presbíteros que governam bem sejam estimados por dignos de duplicada honra, principalmente os que trabalham na palavra e na doutrina. Porque diz a Escritura: Não ligarás a boca ao boi que debulha. E: Digno é o obreiro do seu salário." - 1 Timóteo 5.17-18

Paulo destaca que os presbíteros que lideram bem a igreja merecem uma dupla honra. Essa expressão refere-se a duas dimensões complementares:

  • Honra no Reconhecimento: Um respeito especial devido ao bom exercício de sua função pastoral e administrativa.

  • Honra no Sustento: A provisão material adequada para aqueles que dedicam suas vidas à liderança e ensino da Palavra e doutrina na Igreja.

O apóstolo enfatiza, em especial, os presbíteros que se dedicam à pregação e ao ensino da Palavra, sublinhando sua importância para o crescimento espiritual da igreja. Esses líderes, pelo zelo e esforço em seu ministério, não apenas têm direito ao sustento, mas são dignos de uma consideração ainda maior, conforme Paulo aponta no uso da expressão “duplicada honra”.

O Fundamento Bíblico

Como em outras passagens, Paulo fundamenta sua instrução nas Escrituras:

  1. A Lei de Moisés: Ele cita novamente o mandamento "Não ligarás a boca ao boi que debulha", demonstrando o princípio da justiça no trabalho. Se até mesmo o boi, ao trabalhar, tinha o direito de comer do grão que ajudava a debulhar, quanto mais os presbíteros, que desempenham um serviço espiritual essencial, têm direito ao sustento.

  2. As Palavras de Jesus: Paulo também faz alusão ao ensino do Senhor registrado em Mateus 10.9-11 e Lucas 10.3-9, onde Jesus afirma que o obreiro é digno do seu salário, reforçando a legitimidade do sustento dos líderes espirituais.

O ensino de Paulo a Timóteo é um chamado à igreja para valorizar e apoiar seus líderes, especialmente aqueles que se dedicam ao ensino e pregação da Palavra. A “duplicada honra” reconhece tanto o respeito devido aos presbíteros quanto o dever de prover o sustento adequado para que eles possam exercer suas funções com excelência e dedicação.

IX - MAS PAULO SE RECUSOU A RECEBER SALÁRIO?


Sim, Paulo recusou-se a receber salário dos crentes da região da Acaia, mas sua decisão foi tomada por motivos específicos e estratégicos. Embora tenha defendido vigorosamente o direito dos ministros do evangelho de receber sustento, ele escolheu não exercer esse direito naquela circunstância. Ele explica:

"Nós não usamos deste direito; antes, suportamos tudo... Eu de nenhuma destas coisas usei e não escrevi isso para que assim se faça comigo; porque melhor me fora morrer do que alguém fazer vã esta minha glória." - 1 Coríntios 9.12, 15

Paulo e Barnabé, portanto, abriram mão do direito material entre os coríntios. Assim, anunciaram o evangelho sem obter nenhum sustento, como ele mesmo reafirma em 2 Coríntios 11.7.

Por não receber sustento dos crentes da Acaia, Paulo enfrentou limitações materiais que o levaram a experimentar fome e necessidades básicas, como descreve em Filipenses 4.11-12. Por isso o apóstolo teve de trabalhar para se manter e, em Corinto, ele se uniu a Áquila e Priscila, que também eram fabricantes de tendas, e trabalhou ao lado deles. Essa escolha, no entanto, trouxe desafios.

Adicionalmente, seu tempo dedicado à pregação do evangelho foi reduzido, possivelmente restringindo-se aos sábados, como indica Atos 18.4"Todos os sábados Paulo falava na sinagoga, persuadindo tanto judeus como gregos."

Apesar das dificuldades, Paulo permaneceu firme, confiando no Senhor para fortalecê-lo e sustentá-lo em meio às adversidades. Ele aprendeu a se contentar com o que tinha e a perseverar em sua missão.

A Intervenção de Outras Igrejas

Embora Paulo tenha recusado o sustento dos crentes da região da Acaia, ele não se absteve de receber auxílio de outras igrejas. Em sua segunda carta aos coríntios, ele esclarece que "despojou" outras igrejas para poder servi-los:

"Outras igrejas despojei eu para vos servir, recebendo delas salário; e, quando estava presente convosco e tinha necessidade, a ninguém fui pesado. Porque os irmãos que vieram da Macedônia supriram a minha necessidade..." - 2 Coríntios 11.8-9

Atos 18.5 complementa essa informação, indicando que, quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, trouxeram recursos que permitiram a Paulo dedicar-se integralmente à pregação:

Quando Silas e Timóteo chegaram da Macedônia, Paulo se entregou totalmente à palavra, testemunhando aos judeus que Jesus é o Cristo. - Atos 18.5

Essa ajuda das igrejas macedônias foi fundamental para que Paulo pudesse continuar sua missão sem precisar trabalhar para se sustentar em Corinto, o que limitava sua pregação simplesmente aos sábados.

X - A ESTRATÉGIA POR TRÁS DA RENÚNCIA

A decisão de Paulo de não receber sustento dos coríntios não foi motivada por falta de legitimidade ou por uma crítica ao princípio do sustento pastoral. Antes, foi uma escolha estratégica para evitar qualquer obstáculo ao evangelho.

Paulo percebeu que, em Corinto, onde havia falsos obreiros e oposição ao seu ministério, aceitar sustento poderia ser usado contra ele, dando margem para acusações de interesse financeiro.

É exatamente isso que ele explica em sua primeira epístola aos Coríntios, cap. 9 versos 3 e 12:

"Esta é a minha defesa aos que me condenam... Não usamos deste direito... para não pôr impedimento algum ao evangelho de Cristo.

Essa escolha estava diretamente relacionada às circunstâncias enfrentadas por Paulo naquela região, onde sua autoridade e motivação eram constantemente questionadas.

Motivo da Recusa: Proteção do Evangelho

Em sua segunda epístola aos Coríntios, Paulo complementa a explicação, dizendo que fez isso para "cortar ocasião aos que buscam ocasião" (11.12). A região da Acaia estava repleta de falsos apóstolos e obreiros fraudulentos, que se transfiguravam em ministros da justiça, mas eram, na verdade, enviados de Satanás (II Co 11.13-15).

Esses opositores buscavam desacreditar o ministério de Paulo, sugerindo que ele pregava o evangelho por ganância ou interesse financeiro. Se Paulo tivesse recebido sustento dos coríntios, suas ações poderiam ter sido distorcidas, gerando resistência à sua mensagem e colocando impedimentos ao evangelho.

Ao renunciar ao sustento local, Paulo removeu qualquer oportunidade para essas acusações, preservando a integridade de sua mensagem e assegurando que o evangelho fosse recebido com sinceridade e sem desconfiança.

O Apoio de Outras Igrejas

Apesar de não aceitar sustento dos coríntios, Paulo recebeu ajuda financeira de outras igrejas, especialmente das comunidades da Macedônia. Os filipenses, por exemplo, desempenharam um papel crucial no suporte ao apóstolo:

  • Em Filipenses: Paulo reconhece que os crentes participaram de suas aflições, ajudando-o em suas necessidades (Fp 4.14).

  • Em Tessalônica: Ele menciona que os filipenses enviaram ajuda material mais de uma vez (Fp 4.16).

"Tenho recebido e tenho abundância; cheio estou, depois que recebi de Epafrodito o que da vossa parte me foi enviado, como cheiro de suavidade e sacrifício agradável e aprazível a Deus" - Filipenses 4.18

Essa ajuda permitiu que Paulo se entregasse totalmente ao ministério, mesmo em meio a perseguições e necessidades.

Contribuir é Adorar

A atitude dos crentes da Macedônia exemplifica um princípio espiritual profundo: contribuir para o sustento dos ministros do evangelho é um ato de adoração a Deus. Jesus, em Mateus 25.35-45, ensina que servir aos necessitados é como servir a Ele. Esse princípio se aplica ainda mais aos que sustentam aqueles que trabalham no Reino.

Quando os crentes compartilham seus recursos com ministros do evangelho, suas ações são vistas como "suaves, agradáveis e aprazíveis a Deus". Eles participam ativamente da obra do Senhor, reconhecendo que investir na pregação do evangelho é investir no próprio avanço do Reino de Deus.

XI - É POSSÍVEL QUE O SALÁRIO SE REFIRA AO GALARDÃO?


Uma interpretação comum, mas equivocada, sugere que o "salário" mencionado nos textos bíblicos se refere ao galardão celestial que os servos do Senhor receberão no futuro. No entanto, essa visão não se sustenta à luz das Escrituras. Aqui estão as razões que demonstram que o "salário" citado refere-se claramente ao sustento material:

Razões que Descaracterizam o Salário como Galardão

Jesus e os Doze Receberam Sustento Material: Durante seu ministério itinerante, Jesus e os apóstolos foram sustentados por bens materiais, como registrado em Lucas 8.1-3. Esse padrão de sustento terreno é incompatível com a ideia de que "salário" refere-se ao galardão celestial.

O Ensino de Jesus sobre o Salário: Ao instruir os apóstolos em Mateus 10.9-11, Jesus disse que "o trabalhador é digno do seu sustento" logo após orientá-los a não levarem dinheiro ou provisões. Isso evidencia que o sustento mencionado é material, suprindo suas necessidades diárias enquanto trabalhavam para o Reino.

O Direito dos Apóstolos ao Sustento: Paulo, ao argumentar em I Coríntios 9.4-6, reforça que ele e Barnabé possuíam o mesmo direito que os outros apóstolos: comer, beber e viver exclusivamente para o evangelho, sem precisar trabalhar secularmente. Essa lógica claramente aponta para um sustento terreno.

A Colheita de Coisas Materiais: O princípio de que "quem semeia coisas espirituais, recolhe as materiais" (I Co 9.11) reafirma que o "salário" é um reconhecimento material das necessidades daqueles que dedicam suas vidas ao evangelho. Galardão celestial não se encaixa nesse contexto, pois ele não é material e nem imediato.

Comparação com a Antiga Aliança: Paulo traça um paralelo entre os sacerdotes e levitas da Antiga Aliança e os ministros do evangelho na Nova Aliança. Assim como os sacerdotes viviam do templo (Nm 18.8-32), os obreiros do Reino têm o direito de viver do ministério, recebendo sustento material.

O Salário É Presente e Terreno: O galardão é futuro e espiritual, enquanto o "salário" mencionado nas cartas de Paulo refere-se a sustento material recebido no presente. Paulo afirma que recebeu salário das igrejas da Macedônia (II Co 11.8-9), algo que não poderia se referir ao galardão celestial, pois este é dado diretamente por Cristo, e não por igrejas locais.

A Lógica da Renúncia de Paulo: Paulo recusou o salário dos coríntios para não dar ocasião aos adversários de criticá-lo. Se o "salário" fosse espiritual, essa renúncia seria sem sentido, pois não haveria controvérsia em algo puramente celestial. Além disso, seria incoerente que um salário espiritual causasse impedimento ao evangelho.

O Contexto Material dos Textos: Todos os textos que discutem o salário pastoral estão inseridos em um contexto que aborda provisões terrenas. Afirmar que o "salário" refere-se ao galardão é distorcer a mensagem bíblica e desconsiderar o contexto das passagens, o que vai contra os princípios de interpretação saudável (cf. II Pe 3.16).

O Contraste com o Ensino sobre o Dinheiro

Alguns podem argumentar: "Se o salário é material, por que Paulo ensina que o dinheiro é a raiz de todos os males?" Esse questionamento será abordado no próximo tópico, esclarecendo que o problema não está no dinheiro em si, mas no amor desordenado a ele.

XII - O DINHEIRO É A RAIZ DE TODOS OS MALES?


Muitas pessoas, ao abordar este tema, interpretam erroneamente o que Paulo ensina em sua primeira epístola a Timóteo. É verdade que ele alerta contra o desejo desordenado de riquezas, afirmando que "o amor ao dinheiro é a raiz de todos os males". Contudo, é crucial distinguir entre o uso adequado do dinheiro e a cobiça por ele.

O Ensinamento de Paulo em I Timóteo 6.8-10

"Tendo, porém, sustento e com que nos cobrirmos, estejamos com isso contentes. Mas os que querem ser ricos caem em tentação, e em laço, e em muitas concupiscências loucas e nocivas, que submergem os homens na perdição e ruína. Porque o amor ao dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e nessa cobiça alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores."

Paulo ensina dois princípios fundamentais:

  • Contentamento: Devemos estar satisfeitos com o que temos para suprir nossas necessidades básicas, como sustento e vestuário.

  • Perigos da Cobiça: O desejo de acumular riquezas pode levar as pessoas a cair em tentações e comportamentos destrutivos, afastando-as da fé e trazendo dor e ruína.

O Problema Não É o Dinheiro, Mas o Amor a Ele

Paulo não afirma que o dinheiro em si é a raiz de todos os males, mas sim "o amor ao dinheiro". O dinheiro é uma ferramenta, neutra em sua essência. Ele pode ser usado para abençoar, ajudar os necessitados, sustentar o ministério e glorificar a Deus, ou pode ser mal utilizado para fins egoístas e destrutivos.

A Bíblia apresenta vários exemplos de homens ricos que eram fiéis a Deus:

  • Jó: Um dos homens mais ricos de seu tempo, descrito como justo e piedoso.

  • Abraão: Possuía grande riqueza e foi chamado amigo de Deus.

  • Davi: Um rei rico que buscava constantemente a orientação divina.

Nesse sentido, Hernandes Dias Lopes comenta que "é possível ser rico (o mais rico) e ser piedoso (o mais piedoso). O problema não é ter dinheiro, o problema é o dinheiro nos ter; o problema não é ter dinheiro no bolso, o problema é entronizar dinheiro no coração; o problema não é o dinheiro, o problema é o amor ao dinheiro."

Paulo Não Se Contradiz

O ensinamento de Paulo em Timóteo não contradiz a declaração de Jesus de que "o trabalhador é digno do seu salário". Ambos reconhecem a legitimidade de usar os recursos materiais para suprir as necessidades humanas, especialmente no contexto do sustento ministerial.

Ao mesmo tempo, Jesus e Paulo alertam contra a ganância e o desejo desordenado por riquezas. Sustento justo e ganância não são a mesma coisa; enquanto um é necessário e bíblico, o outro é pecado.

O dinheiro não é o problema, mas o amor desmedido a ele pode desviar a fé e causar grandes males. Como cristãos, somos chamados a usar os recursos materiais de forma equilibrada, para suprir nossas necessidades, ajudar os outros e glorificar a Deus. O contentamento e a boa administração dos bens são marcas de uma vida espiritual saudável, livre da escravidão ao dinheiro.

CONCLUSÃO


Ao longo deste estudo, vimos que a Bíblia oferece uma base sólida para o sustento dos ministros do evangelho. Desde os exemplos do Antigo Testamento, onde sacerdotes e levitas viviam das ofertas do templo, até o Novo Testamento, onde Jesus e os apóstolos ensinavam que ‘o trabalhador é digno do seu salário’.

O princípio é claro: aqueles que dedicam suas vidas ao serviço do Reino têm o direito de ser sustentados materialmente por aqueles a quem ministram.

No entanto, esse direito deve ser exercido com humildade e integridade, sem ganância ou busca por luxo, mas com o propósito de glorificar a Deus e expandir o evangelho. O sustento pastoral não é apenas uma questão prática, mas também espiritual, refletindo a responsabilidade dos membros da igreja em apoiar aqueles que os guiam espiritualmente.

Que possamos, como corpo de Cristo, valorizar os obreiros que se dedicam ao Reino, reconhecendo que investir em suas vidas é investir no próprio avanço do evangelho. Glória ao Pai, ao Filho e ao Espírito Santo, que nos dá entendimento e sustenta a obra até a consumação dos séculos!

Christo Nihil Praeponere — “A nada dar mais valor que a Cristo”

NOTAS


¹ LOPES, Hernandes Dias. Lucas: Jesus, o homem perfeito. Hagnos, p. 228.
² Comentário Bíblico Beacon. I Coríntios. CPAD, p. 312, 313.
³ LOPES, Hernandes Dias. I Coríntios: Como resolver conflitos na igreja. Hagnos, p. 176.


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