Por que Deus permite que o bem e o mal coexistam lado a lado? Essa é uma das questões mais profundas que a humanidade enfrenta, e a Parábola do Trigo e do Joio registrada em Mateus 13.24-52 oferece uma resposta reveladora.
Nesta parábola, Jesus apresenta uma realidade dura e inegável: o trigo, que representa os filhos de Deus, e o joio, que simboliza os filhos do maligno, crescem juntos no mundo. O verdadeiro e o falso, a luz e as trevas, coexistem até o tempo da colheita final.
Mesmo em meio a essa verdade desconcertante, há um motivo para esperança e alerta para o povo de Deus. A presença do mal não deve ser motivo de desânimo, mas um chamado para a vigilância e a confiança na justiça divina. Afinal, o Reino dos céus já está presente entre nós, apesar da escuridão ao redor.
Na ocasião em que contou essa parábola, Jesus estava sentado em um barco, enquanto uma multidão permanecia em pé na praia, ouvindo-o atentamente (Mt 13.1-3). Com autoridade, Ele começou: “O Reino dos céus é semelhante a um homem que semeou boa semente em seu campo. Mas enquanto todos dormiam, veio o inimigo e semeou joio no meio do trigo”.
A semente do mal foi lançada secretamente, e sua presença só foi descoberta quando o trigo começou a crescer e a diferença entre as plantas se tornou visível.
Essa introdução à parábola nos leva a refletir sobre nossa própria realidade: como discernir o bem do mal em um mundo tão misturado? Acompanhemos, então, uma análise versículo por versículo para compreender o ensino profundo de Jesus e sua aplicação em nossas vidas.
O JOIO E O TRIGO
“Havia, pois, um homem semeando ‘boa semente no seu campo; mas, dormindo os homens, veio o seu inimigo, e semeou o joio no meio do trigo’” – Mateus 13.24,25.
Jesus nos apresenta uma cena familiar aos ouvintes daquela época: um homem semeando boa semente em seu campo. Mais tarde, Ele revela que esse homem é o próprio Senhor Jesus, e a semente boa representa os filhos do Reino. O campo, por sua vez, não é a Igreja, como muitos acreditam, mas sim o mundo (gr. κόσμος – kosmos), conforme explicado em Mateus 13.38.
Essa distinção é crucial para a correta interpretação da parábola.
A frase “em seu campo” reflete que o mundo pertence a Deus, algo enfatizado no Salmo 24.1: “Do Senhor é a terra e a sua plenitude, o mundo e aqueles que nele habitam.” É importante ressaltar essa verdade para compreender que o Reino dos céus já está presente no mundo, ainda que não em sua plenitude.
O Inimigo e a Semente do Mal
O inimigo, descrito como diabolos (o diabo), é o caluniador, o acusador, que desde o princípio se opõe às obras de Deus (Jo 8.44; I Jo 3.8). A má semente, o joio, simboliza os filhos do maligno, aqueles que imitam o trigo em aparência, mas que em sua essência não produzem frutos bons.
Essa semente ruim foi plantada enquanto “os homens dormiam”, uma indicação de que o mal frequentemente se infiltra de forma sutil e imperceptível.
O joio (gr. ζιζάνιον – zizanion) é uma planta que cresce junto aos cereais, como o trigo, e se assemelha muito a ele durante o crescimento. Os judeus acreditavam que o joio era um tipo de trigo degenerado, chegando a chamá-lo de “bastardo”. As sementes do joio são venenosas para humanos e animais herbívoros, podendo causar sintomas como náusea, convulsões e até morte.
Isso ilustra a natureza destrutiva dos filhos do maligno no mundo.
Além disso, suas raízes entrelaçavam-se com as raízes do trigo e, por essa razão, na agricultura da época, a separação entre o trigo e o joio era deixada para a época da colheita, como retratado na parábola.
A Crescente Distinção Entre o Trigo e o Joio
A princípio, é difícil diferenciar o trigo do joio. Essa semelhança nos ensina que muitas vezes não conseguimos discernir imediatamente entre aqueles que são verdadeiros filhos de Deus e aqueles que não são. No entanto, quando ambos crescem, a diferença se torna evidente.
A parábola afirma: “quando a erva cresceu e frutificou, apareceu também o joio” (13.26). Isso reflete o ensino de Jesus em Mateus 7.20: “Pelos seus frutos os conhecereis.”
O trigo, que representa o povo de Deus, é útil e flexível, inclinando-se com o vento, uma metáfora para a humildade e a obediência ao Espírito. Já o joio é rígido e venenoso, uma figura da resistência e da falsidade. Somente ao amadurecer, a verdadeira natureza de cada um se revela. Esse processo demonstra que Deus permite que ambos coexistam até que seus frutos sejam visíveis.
A Descoberta do Joio e a Resposta do Senhor
Quando os servos do dono do campo notaram a presença do joio, perguntaram: “Senhor, não semeaste boa semente em teu campo? Por que, então, há joio?” (13.27). A pergunta reflete a perplexidade diante da presença do mal em um mundo que Deus criou e declarou bom.
A resposta do dono é clara: “Um inimigo fez isso” (13.28). O reconhecimento de que o mal foi introduzido pelo diabo é crucial para entender que a presença do mal não é obra de Deus, mas uma distorção da criação por parte do inimigo.
Os servos perguntam então: “Queres, pois, que vamos arrancá-lo?” (13.28). Mas a resposta do dono é prudente e instrutiva: “Não, para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele” (13.29). Isso demonstra a paciência divina e a sabedoria de esperar o tempo certo para o julgamento.
Em uma tentativa precipitada de arrancar o joio, poderíamos cometer erros e prejudicar o próprio trigo.
NÃO NOS COMPETE SEPARAR O JOIO DO TRIGO
“Porém ele [O Senhor] lhes disse: Não; para que, ao colher o joio, não arranqueis também o trigo com ele” – Mateus 13.29.
Jesus nos ensina que a separação entre o trigo e o joio não é responsabilidade dos servos, mas sim de Deus, no tempo certo. É essencial lembrar que o campo na parábola é o mundo e não a Igreja. Isso significa que o trigo e o joio representam, respectivamente, os filhos do Reino e os filhos do diabo, e não uma comparação entre crentes verdadeiros e falsos dentro da comunidade cristã.
O Campo é o Mundo, Não a Igreja
A compreensão de que o campo é o mundo (13.38) nos ajuda a evitar interpretações errôneas que associam o joio à presença de crentes falsos na Igreja. Embora seja verdade que na Igreja existam aqueles que servem a Deus e aqueles que não o fazem, a parábola de Jesus aborda a coexistência do bem e do mal no mundo.
Por isso, não cabe a nós arrancar o joio antes do tempo, pois, como Jesus disse, corremos o risco de arrancar também o trigo.
O Papel do Cristão no Mundo
Paulo esclarece essa questão em I Coríntios 5.13: “Mas Deus julga os que estão de fora.” Isso reforça que nossa missão não é julgar aqueles que estão fora da Igreja, mas pregar o Evangelho e proporcionar a oportunidade de arrependimento a todos.
Um exemplo prático dessa atitude pode ser visto na forma como Jesus se relacionava com pecadores. Em Mateus 9.10-13, Ele compartilhou uma refeição com pecadores e publicanos, desafiando a mentalidade exclusivista dos fariseus.
Os fariseus, sempre prontos para julgar, perguntaram aos discípulos: “Por que come o vosso Mestre com os publicanos e pecadores?” (Mt 9.11). A resposta de Jesus foi clara: “Não necessitam de médico os sãos, mas sim, os doentes... Porque eu não vim para chamar os justos, mas os pecadores, ao arrependimento” (Mt 9.12-13).
Essa resposta exemplifica o propósito da missão cristã: alcançar aqueles que ainda não conhecem a salvação, sem fazer acepção de pessoas.
O problema dos fariseus era fazer um julgamento prévio que excluía os pecadores da oportunidade de arrependimento. Daí Jesus ensinar que não devemos arrancar o joio antes do tempo, pois, agindo assim, poderíamos privar alguém do arrependimento e integração ao povo de Deus.
A Atitude dos Fariseus e a Parábola do Fariseu e do Publicano
Jesus ilustrou essa mentalidade julgadora por meio da Parábola do Fariseu e do Publicano (Lucas 18.9-14). O fariseu, orgulhoso, agradecia a Deus por não ser como os outros homens, enquanto o publicano, em humildade, pedia misericórdia: “Ó Deus, tem misericórdia de mim, pecador!”(Lc 18.13).
Jesus conclui que o publicano voltou para casa justificado, enquanto o fariseu, com sua atitude de autossuficiência, não. Isso demonstra que o julgamento precipitado e a exclusão de outros podem ser tão perigosos quanto arrancar o trigo junto com o joio.
A atitude exclusivista de muitos dos fariseus e escribas privavam as pessoas realmente necessitadas (pecadores) da Palavra de Deus. É esse tipo de julgamento que Jesus está condenando.
A Paciência e o Julgamento Final
Como observa Hernandes Dias Lopes, a tarefa de separar o joio do trigo é complexa e passível de erro se for feita por nós. “Não temos competência para arrancar o joio do meio do trigo porque nossos critérios de avaliação são passíveis de erro.”¹ Por isso, essa separação só acontecerá na segunda vinda de Cristo, quando os anjos farão a distinção perfeita entre um e outro (Mt 13.39-42).
Até esse dia, a responsabilidade do cristão é anunciar o Evangelho e mostrar compaixão por aqueles que estão espiritualmente doentes. Devemos evitar a atitude excludente dos fariseus e acolher aqueles que buscam a verdade, confiando que Deus, em Sua justiça, fará a separação no tempo adequado.
Assim, o joio e o trigo crescerão juntos até a ceifa, quando o Filho do Homem enviará Seus anjos para colher tudo o que causa escândalo e iniquidade. O trigo será ajuntado no celeiro de Deus, enquanto o joio será lançado no fogo (13.30, 41-42). Nossa missão, até lá, é viver como trigo, em obediência e humildade, e deixar o julgamento para Aquele que é perfeito em discernimento.
A IGREJA TEM COMPETÊNCIA PARA JULGAR OS QUE SE DIZEM IRMÃOS
A compreensão correta da Parábola do Trigo e do Joio é crucial para evitar equívocos na aplicação do julgamento dentro da Igreja. Muitos acabam confundindo o “campo” com a Igreja e, por isso, aceitam práticas erradas em seu meio. No entanto, a Bíblia deixa claro que a Igreja deve ser santa, pura e imaculada, e que existe um chamado à responsabilidade em lidar com o pecado entre seus membros.
A Importância da Pureza na Igreja
A Bíblia nos ensina que a santidade é um pré-requisito para a comunidade cristã. Warren Wiersbe nos adverte sobre a presença de falsificações de Satanás no meio do povo de Deus. Ele menciona que Satanás pode ter crentes falsos que se passam por irmãos (II Co 11.26), pregam um falso evangelho (Gl 1.6-9), e até promovem uma falsa justificação (Rm 10.1-3). Em última instância, Satanás introduz uma falsa igreja (Ap 2.9) e, nos últimos dias, trará um falso Cristo (II Ts 2.1-12).²
Essa advertência reforça a necessidade de discernimento e ação por parte da Igreja para que ela se mantenha pura.
Jesus deixou instruções claras em Mateus 18.15-18 sobre como lidar com pecados dentro da comunidade cristã: repreender inicialmente em particular, depois com duas ou três testemunhas, e, se necessário, diante da igreja. Se o arrependimento não ocorrer, a pessoa deve ser tratada como um gentio e publicano, ou seja, excluída da comunhão da Igreja.
O Processo de Repreensão e Exclusão
O objetivo da repreensão na Igreja é sempre a restauração do irmão em erro. Paulo confirma essa abordagem em Gálatas 6.1: “Vós, que sois espirituais, corrigi-o com espírito de brandura; e guarda-te para que não sejas também tentado.”
No entanto, se o arrependimento não se concretizar, a Bíblia instrui que a exclusão se faz necessária para preservar a pureza da congregação. Em Tito 3.10-11, Paulo diz: “Ao homem herege, depois de uma e outra admoestação, evita-o, sabendo que esse tal está pervertido e peca, estando já em si mesmo condenado.”
Efraim está entregue aos ídolos; 'deixa-o' - Oséias 4.17
Essa prática de exclusão é confirmada em I Coríntios 5.1-13, onde Paulo repreende a igreja por tolerar imoralidade em seu meio. Ele ordena que “o autor de tal infâmia seja... entregue a Satanás para a destruição da carne” e afirma que um pouco de fermento leveda toda a massa, enfatizando a necessidade de lançar fora o “velho fermento” para que a Igreja seja uma nova massa, pura e sem contaminação.
Tolerar na Igreja alguém que não reconhece o próprio pecado e, como fermento, contamina os demais, é atrair para si mesmo a desaprovação da parte do Senhor e dono da Igreja (Ap 2.20).
A Distinção Entre Julgar os de Dentro e os de Fora
Diferente do julgamento do mundo, que cabe a Deus, a responsabilidade de julgar os que se dizem irmãos é da Igreja. Paulo reforça isso em I Coríntios 5.12-13: “Não julgais vós os de dentro?... Expulsai, pois, de entre vós a este iníquo.”
A advertência é tão séria que o apóstolo nos ensina a nem mesmo comer uma refeição com aquele que, dizendo-se irmão, for devasso, avarento, idólatra, maldizente, beberrão, ou roubador (I Co 5.11). Essa autoridade conferida à Igreja é necessária para manter a santidade da comunhão cristã e assegurar que aqueles que professam ser seguidores de Cristo vivam de acordo com os ensinamentos bíblicos.
Exemplo Contemporâneo de Aplicação
Na prática contemporânea, a aplicação desses princípios pode ser vista quando líderes de igrejas confrontam membros que estão em pecado persistente, como casos de comportamento imoral ou condutas que violam os preceitos cristãos.
O processo deve ser realizado com mansidão e amor, oferecendo oportunidade de arrependimento e reconciliação. No entanto, se houver recusa em mudar, a exclusão se torna necessária para proteger a integridade da comunidade e evitar que outros sejam influenciados negativamente.
Resumo e Conclusão
Fica claro que a Parábola do Trigo e do Joio aborda a coexistência do bem e do mal no mundo e não deve ser usada como justificativa para aceitar a presença do pecado na Igreja. Àqueles que se dizem irmãos, a Igreja tem a responsabilidade de julgar com justiça, conforme orienta a Palavra de Deus (Jo 7.24).
Manter a pureza e a santidade da comunidade cristã é um dever, cumprido com discernimento, compaixão e obediência às Escrituras.
POR OCASIÃO DA CEIFA HAVERÁ DISTINÇÃO
“Deixai crescer ambos juntos até à ceifa; e, por ocasião da ceifa, direi aos ceifeiros: colhei primeiro o joio e atai-o em molhos para o queimar; mas o trigo, ajuntai-o no meu celeiro” – Mateus 13.30.
O Papel da Ceifa e o Julgamento Final
A ceifa, como Jesus explica, representa o fim do mundo, e os ceifeiros são os anjos encarregados de executar o julgamento final (13.39). Nesse momento, haverá uma clara separação entre os justos e os ímpios.
Jesus continua: “Como o joio é colhido e queimado no fogo, assim será na consumação deste mundo. Mandará o Filho do Homem os seus anjos, e eles colherão do seu Reino tudo o que causa escândalo e os que cometem iniquidade” (Mt 13.40-41).
Essa descrição enfatiza a natureza precisa e inevitável do julgamento divino.
O Destino dos Ímpios
A expressão “tudo o que causa escândalo” (gr. σκάνδαλα – skandala) refere-se a tudo que leva os homens à destruição, enquanto “iniquidade” (gr. ἀνομίαν – anomia) descreve aqueles que vivem em total desprezo pela lei de Deus, seguindo os desejos da carne (Rm 8.8). Tais pessoas serão separadas e lançadas na fornalha de fogo, onde “haverá pranto e ranger de dentes” (Mt 13.42).
O profeta Malaquias anteviu esse dia, dizendo: “Vem ardendo como forno; todos os soberbos e todos os que cometem impiedade serão como palha; e o dia que está para vir os abrasará, diz o Senhor dos Exércitos, de sorte que lhes não deixará nem raiz nem ramo” (Ml 4.1).
Essa imagem reforça a seriedade do julgamento de Deus e a destruição completa dos que se opõem à Sua vontade.
A Recompensa dos Justos
Em contraste, os justos “resplandecerão como o sol, no Reino de seu Pai” (13.43). Essa promessa lembra a profecia de Daniel: “Os sábios, pois, resplandecerão como o resplendor do firmamento; e os que a muitos ensinam a justiça refulgirão como as estrelas, sempre e eternamente” (Dn 12.3).
A recompensa para os que viveram em santidade e andaram no Espírito será a entrada no celeiro de Deus, onde experimentarão paz e alegria eternas.
CONCLUSÃO E APLICAÇÃO PRÁTICA
A mensagem dessa seção da parábola é clara: haverá um dia em que Deus separará definitivamente o justo do ímpio. Até esse momento, cabe aos cristãos viver em santidade, buscando agradar a Deus em todas as coisas. Essa esperança no julgamento final deve impactar a forma como vivemos hoje, encorajando-nos a andar em Espírito e evitar os desejos da carne.
Mesmo em um mundo onde o bem e o mal coexistem, a certeza do juízo de Deus traz conforto e motivação para perseverar. Devemos lembrar que, enquanto a separação final é uma prerrogativa divina, cabe a nós viver como trigo, produzindo frutos de justiça e obedecendo à Palavra de Deus.
Obedecendo, inclusive, no que diz respeito a julgar os que se dizem irmãos e, se necessário, excluindo-os da comunhão da Igreja para o bem mútuo, isto é, da Igreja e do que recebe a excomunhão. Lembremo-nos que a excomunhão tem por finalidade fazer com que o indivíduo caia em si, como ocorrera ao filho pródigo.
Assim, havendo arrependimento, retornará à casa do Pai. “Quem tem ouvidos para ouvir, que ouça” – Mateus 13.43
Christo Nihil Praeponere – “A nada dar mais valor que a Cristo”
REFERÊNCIAS
¹ Lopes, Hernandes Dias. Mateus - Jesus o Rei dos reis. Hagnos, p. 433.
² Wiersbe, Warren W. Comentário Bíblico Expositivo. P. 57.
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