A narrativa da criação nos primeiros capítulos de Gênesis não apenas apresenta um relato da origem do Universo, mas também revela a profundidade e a majestade do poder divino. No primeiro dia, vimos como Deus, com Sua voz poderosa, trouxe à existência os céus, a terra, e a luz (clique aqui para ler).
Agora, no segundo dia, somos convidados a mergulhar em um novo ato criador em que Deus continua a moldar o cosmos, trazendo ordem ao que antes era informe.
Neste estudo, exploraremos como Deus fez o firmamento, separando as águas e expandindo os céus. Com isso, veremos não apenas um retrato de Sua força criadora, mas também a beleza e a perfeição de Suas obras. Que essa reflexão nos inspire a contemplar a grandeza de Deus e a importância de reconhecer Sua mão em todos os aspectos da criação.
TEXTO-BASE
Gênesis 1.6-8
E disse Deus: Haja uma expansão no meio das águas, e haja separação entre águas e águas. E fez Deus a expansão e fez separação entre as águas que estavam debaixo da expansão e as águas que estavam sobre a expansão. E assim foi. E chamou Deus à expansão Céus; e foi a tarde e a manhã: o dia segundo.
A EXISTÊNCIA DAS ÁGUAS
Logo de início, percebemos que Deus ordena que haja uma expansão entre as águas. Mas de onde vêm essas águas mencionadas? Importa ressaltar que essas águas não foram criadas no segundo dia, pois já existiam desde o primeiro. Em Gênesis 1.2, lemos que "o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas".
Isso mostra que a água é uma das primeiras substâncias presentes na narrativa da criação, existindo antes mesmo da formação do sistema solar.
Esse detalhe é importante porque evidencia que, segundo o relato bíblico, a água antecede a criação dos corpos celestes. Recentemente, a ciência tem reconhecido esse fato, reforçando a veracidade de um detalhe que os textos sagrados já traziam há milênios.
A ORDEM DIVINA: “HAJA UMA EXPANSÃO”
A palavra “expansão” é traduzida do hebraico raqia (רָקִיעַ). Este termo se origina do verbo raqa (רָקַע), que traz a ideia de algo que se expande ou se estende, como um ferreiro que martela uma peça de metal fazendo com que ela se estenda à medida que se achata.
Deus está, portanto, estendendo ou expandindo um espaço cuja finalidade é separar as águas abaixo das águas acima. Essa expansão, que Moisés descreve, foi nomeada por Deus como “Céus”. É interessante notar que o verbo utilizado aqui é “fazer” (asah - עָשָׂה), diferente de “criar” (bara - בָּרָא) usado no primeiro dia.
O verbo asah implica moldar algo a partir de uma substância já existente, neste caso, o espaço criado anteriormente no primeiro dia. Exatamente por isso é que o texto vai dizer que "chamou Deus à expansão Céus", porquanto a expansão é simplesmente os céus do dia primeiro expandidos e/ou estendidos em suas dimensões.
A EXPANSÃO DOS CÉUS NA ESCRITURA
A ideia de Deus expandindo os céus é reforçada em várias passagens da Bíblia. Em Isaías 45.12, Deus diz: “Minhas mãos estenderam os céus”; e em Jeremias 51.15, “Ele estendeu os céus com o seu entendimento”.
Isso demonstra que os céus foram estendidos/expandidos, porém encontramos, em outras passagens, o verbo sendo utilizado no tempo presente. Em Zacarias, por exemplo, é dito que "fala o Senhor, o que estende o céu" (12.1); em Salmos consta que Deus "estende os céus como uma cortina" (104.2) e, em Jó, declara-se que Deus "sozinho estende os céus" (9.8).
Curiosamente, a ciência moderna também observa a expansão do Universo, um fenômeno que ecoa o que as Escrituras sugerem: um céu que está em constante crescimento sob a mão de Deus.
ÁGUAS ACIMA E ÁGUAS ABAIXO
Uma questão que surge é: o que são essas águas acima da expansão? Muitos comentaristas acreditam que essas águas poderiam representar o estado líquido na terra e o estado gasoso no céu, isto é, as nuvens. Contudo, precisamos observar algumas questões antes de concordarmos com essa visão.
- O planeta Terra ainda não tinha sido formado no segundo dia.
- O termo “nuvens” não foi usado, embora estivesse disponível.
- As nuvens estão na “face da expansão”, onde as aves voam (Gn 1.20).
- O Sol, a Lua e as estrelas são posicionados “na expansão” (Gn 1.17), mas aqui se menciona águas “sobre a expansão”.
- O Salmo 148.4 menciona: “Louvai-o, céus dos céus, e as águas que estão sobre os céus”, o que parece sugerir que essas águas estão acima do céu dos céus.
- Essa referência pode sugerir a existência de águas na borda ou nos limites do Universo, algo que era interpretado pelos antigos judeus como uma realidade, conforme se observa em ilustrações antigas.
Portanto, parece razoável que o texto esteja dizendo que existe água na borda ou nos limites do Universo, e não tratando de água em estado líquido e gasoso (na forma de nuvens). Aliás, nuvens são formadas a partir da evaporação da água, que se dá, principalmente, pela incidência de luz solar sobre a Terra e, aqui, no segundo dia, o Sol sequer existia.
No entanto, tenha em mente que o que realmente importa é a grandeza de Deus. Quer sejam nuvens ou sejam águas nos limites do Universo, Deus é quem está agindo e separando-as segundo o seu infinito poder e majestade.
UM DEUS PODEROSO E SOBERANO
Independentemente de onde essas águas estejam localizadas, o que permanece claro é a soberania de Deus ao separar e organizar os elementos do cosmos. Ele não apenas cria, mas organiza e dá sentido à sua criação, mostrando que nada está fora de sua ordem.
CONCLUSÃO
O segundo dia da criação nos revela muito mais do que um simples ato de separação entre águas. Ele nos apresenta um Deus que, além de criador, é um organizador supremo, que traz ordem ao caos e estabelece estruturas fundamentais para a existência.
Compreender o segundo dia da criação nos leva a uma reflexão mais profunda sobre o poder de Deus em nossas próprias vidas. Assim como Ele trouxe ordem e expansão ao cosmos, Ele pode organizar e transformar qualquer área de nossa existência que pareça confusa ou caótica.
Que o estudo desse trecho do Gênesis nos impulsione a buscar uma compreensão maior da majestade de Deus e a confiar Nele, reconhecendo que Ele é o mesmo ontem, hoje e eternamente. Sua palavra tem poder para separar, expandir e transformar – tanto na vastidão dos céus quanto nos detalhes mais íntimos de nossa jornada.
Christo Nihil Praeponere – “A nada dar mais valor que a Cristo”
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