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ABRAÃO NO EGITO: MEDO, ENGANO E FALTA DE FÉ

Ilustração de Abrão e Sarai com vestes antigas, olhando para o horizonte em um cenário desértico, refletindo sua jornada ao Egito e os desafios enfrentados.
A vida cristã está longe de ser isenta de desafios. Muitas vezes temos de enfrentar situações inesperadas que testam nossa fé e confiança em Deus. Então, surgem algumas perguntas: Como devemos reagir quando o que nos foi prometido parece ameaçado? Como devemos lidar com o medo e a incerteza?

A história de Abrão no Egito é um dos exemplos mais marcantes das Escrituras sobre como até mesmo os grandes homens de Deus podem falhar diante da adversidade. Este episódio revela como o medo pode nos levar a tomar decisões precipitadas e como Deus, em Sua misericórdia, intervém para corrigir nossos erros.

Neste estudo mergulharemos na jornada de Abrão (posteriormente chamado Abraão) ao Egito, analisando seus erros, as consequências de suas escolhas e as valiosas lições que podemos aplicar em nossa vida hoje. Que o Senhor te abençoe!

TEXTO-BASE


Gênesis 12.10-13

E havia fome naquela terra; e desceu Abrão ao Egito, para peregrinar ali, porquanto a fome era grande na terra. E aconteceu que, chegando ele para entrar no Egito, disse a Sarai, sua mulher: Ora, bem sei que és mulher formosa à vista; e será que, quando os egípcios te virem, dirão: Esta é a sua mulher. E matar-me-ão a mim e a ti te guardarão em vida. Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti.

FOME NA TERRA PROMETIDA: O DILEMA DE ABRÃO


Após atender ao chamado de Deus e deixar Ur dos Caldeus, Abrão finalmente chegou à terra prometida. Contudo, não bastasse a presença dos cananeus na terra, logo se deparou com outra grande provação: Uma fome severa assolava a região.

Aqui está uma grande lição: A obediência a Deus não nos isenta de desafios ou circunstâncias adversas.

Assim como Abrão, muitas vezes nos encontramos em situações difíceis mesmo estando no centro da vontade divina. Jesus disse: “No mundo tereis aflições” (Jo 16.33), o que tem se mostrado uma realidade constante na vida de muitos servos e servas de Deus.

Abrão, diante da escassez, tomou uma decisão sem consultar a Deus e assim desceu ao Egito a fim de buscar sustento. O texto não menciona nenhuma oração ou busca pela orientação divina. Essa escolha marca o primeiro passo para uma série de complicações ainda mais drásticas.

Pense a Respeito

Como você reage quando as dificuldades se levantam? Você busca a Deus e Sua direção ou tenta resolver tudo por conta própria?

DESCENDO AO EGITO: ENTRE O MEDO E A MENTIRA


Ao se aproximar do Egito o medo começou a dominar o coração de Abrão. Ele percebeu que sua esposa Sarai (posteriormente chamada Sara) era uma mulher de grande beleza e, em razão disto, temeu que os egípcios o matassem a fim de tomá-la como esposa.

Nesse momento de fraqueza espiritual Abrão deixou de edificar altares por onde passava, como era de costume. Isso acarretou na propositura de uma mentira estratégica a Sarai: “Dize, peço-te, que és minha irmã, para que me vá bem por tua causa, e que viva a minha alma por amor de ti”.

Algo que evidentemente implicava em dois problemas sérios:

  • Falta de confiança em Deus: Abrão esqueceu que Deus prometeu fazê-lo uma grande nação (Gn 12.2). Como isso poderia acontecer se ele fosse morto no Egito? Isso demonstra que seu medo o conduziu a esquecer-se das promessas divinas.

  • Engano e egoísmo: Ao propor a mentira, Abrão colocou sua esposa em risco com a intenção de proteger sua própria vida, permitindo que ela fosse levada ao palácio de Faraó. Ao invés de pensar na esposa, pensou apenas em si mesmo.

Esse episódio é um alerta para todos nós: Quando tomamos decisões baseadas no medo e não na fé, acabamos comprometendo nossos valores e colocando em risco aqueles que amamos.

Pense a Respeito

Quantas vezes permitimos que o medo nos conduza a tomar decisões precipitadas? Estamos confiando verdadeiramente nas promessas de Deus ou tentando "ajudar" a situação com soluções humanas? Lembremo-nos que a direção segura está no Senhor, e não em nós.

O JUÍZO DE DEUS E A VERGONHA DE ABRÃO


Conforme o relato bíblico, observamos que o plano de Abrão funcionou, ainda que temporariamente. Os príncipes de Faraó viram a beleza de Sarai e a levaram para o palácio, tratando Abrão com grande honra e lhe concedendo muitas riquezas (Gn 12.16).

No entanto, Deus intervém. O Senhor enviou pragas sobre Faraó e sua casa, revelando a verdade sobre Sarai. Faraó, então, confrontou Abrão:

“Que é isto que me fizeste? Por que não me disseste que ela era tua mulher? Por que disseste: É minha irmã? De maneira que a houvera tomado por minha mulher; agora, pois, eis aqui tua mulher; toma-a e vai-te” (Gn 12.18,19).

Essa repreensão, vinda de um rei pagão, é um dos momentos mais humilhantes da história de Abrão. Aquele que foi chamado para ser bênção para todas as famílias da terra (Gn 12.3) tornou-se motivo de tropeço na família de Faraó.

Além disso, Abrão permaneceu em silêncio. Ele não se justificou, pois suas desculpas seriam vazias e tolas. Essa experiência é uma advertência poderosa sobre como nossas más escolhas podem resultar em vergonha pública e perda de testemunho. É muito triste um servo de Deus ser repreendido por quem sequer conhece ao Senhor.

Pense a Respeito

Sua conduta diante dos incrédulos tem refletido a glória de Deus ou tem sido motivo de escândalo?

APRENDENDO COM A FALHA DE ABRÃO


A história de Abrão no Egito nos ensina alguns princípios fundamentais para a vida cristã. Vejamos:

  1. As provações não significam que estamos fora da vontade de Deus. Estar na terra prometida não impediu que Abrão enfrentasse uma circunstância de fome. Da mesma forma, seguir a Deus não significa ausência de "mar bravio ou tempestades".

  2. Devemos buscar a Deus antes de tomar decisões importantes. Abrão desceu ao Egito sem consultar o Senhor e acabou por pecar. Portanto, devemos sempre buscar a orientação de Deus antes de agir, pois a direção segura vem dEle.

  3. O medo pode nos levar a oscilar na fé. Quando tememos mais as circunstâncias do que a Deus, tomamos decisões erradas que podem resultar em pecado e humilhação.

  4. Deus é fiel para nos corrigir e restaurar. Apesar do erro de Abrão, Deus interveio, protegeu Sarai e o trouxe de volta ao caminho certo.

CONCLUSÃO


A história de Abrão no Egito não é apenas um relato antigo; ela também reflete lutas e circunstâncias que todos nós enfrentamos ainda hoje. Aliás, às vezes agimos exatamente como Abrão diante das dificuldades que se levantam: Tomamos decisões precipitadas e deixamos ser movidos pelo medo, e não pela fé.

No entanto, a boa notícia é que Deus não desistiu de Abrão. Após esse episódio Abrão retornou à terra prometida e sua jornada de fé continuou, culminando em sua transformação no "pai dos que crêem". Que possamos aprender com os erros que ele cometeu a fim de não cairmos nas mesmas ciladas.

Sendo assim, procuremos confiar mais em Deus e em Sua orientação. O justo vive pela fé, não pelo medo.

Christo Nihil Praeponere – “A nada dar mais valor que a Cristo.”


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