Quem é o verdadeiro fundamento da Igreja? Essa é uma das questões que divide católicos e protestantes há séculos. Enquanto a Igreja Católica Romana defende que o apóstolo Pedro é a pedra sobre a qual Cristo edificou sua Igreja, os evangélicos entendem que essa interpretação não se sustenta biblicamente.
Mas, afinal, quando Jesus disse: “Tu és Pedro, e sobre esta pedra edificarei a minha Igreja” (Mt 16.18), Ele estava realmente estabelecendo Pedro como a base da Igreja? É o que veremos neste estudo.
A INTERPRETAÇÃO CATÓLICA DE MATEUS 16.18
A Igreja Católica Romana baseia-se na passagem de Mateus 16.16-19 para afirmar que Pedro foi instituído por Cristo como a pedra fundamental da Igreja. Segundo essa interpretação, a autoridade concedida a Pedro teria sido transmitida de forma contínua aos seus sucessores, os bispos de Roma, estabelecendo assim o papado. O raciocínio católico pode ser resumido da seguinte forma:
- Pedro é a rocha sobre a qual a Igreja foi edificada;
- A Pedro foram entregues as chaves do Reino dos Céus, dando-lhe autoridade exclusiva;
- Pedro se tornou o primeiro bispo de Roma; e
- Toda autoridade eclesiástica foi conferida a Pedro, até nossos dias, através da linhagem de bispos e de papas, todos, vigários de Cristo.
Essa interpretação leva à conclusão de que o papado tem a autoridade suprema na Igreja de Cristo, sendo o papa o legítimo sucessor de Pedro e, portanto, o representante de Cristo na Terra. Mas será que essa visão está alinhada com o ensinamento bíblico? Examinemos agora as Escrituras para determinar quem, de fato, é o fundamento da Igreja.
PEDRO OU CRISTO: O QUE A BÍBLIA ENSINA?
A Bíblia apresenta diversas passagens que revelam que Cristo, e não Pedro, é o verdadeiro fundamento da Igreja. O profeta Isaías já anunciava a vinda de um alicerce firme e inabalável:
“Portanto assim diz o Senhor Deus: Eis que ponho em Sião como alicerce uma pedra, uma pedra provada, pedra preciosa de esquina, de firme fundamento; aquele que crer não será abalado” (Is 28.16).
Essa pedra de fundamento mencionada por Isaías não pode ser Pedro, pois o Novo Testamento a identifica como sendo Cristo. O próprio apóstolo Pedro, por sua vez, reconhece Jesus como sendo essa pedra angular:
“Este Jesus é pedra rejeitada por vós, os construtores, a qual se tornou a pedra angular” (At 4.11).
Na mesma linha, o apóstolo Paulo também declarou que ninguém pode lançar outro fundamento além daquele que já foi posto, ou seja, Cristo:
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo” (1 Co 3.11).
Além disso, Pedro, em sua primeira epístola, reforça que a Igreja é edificada sobre a pedra, que é Cristo:
“Chegando-vos para ele, a pedra que vive, rejeitada, sim, pelos homens, mas para com Deus eleita e preciosa, sois vós também quais pedras vivas, edificados como casa espiritual para serdes um sacerdócio santo...” (1 Pe 2.4,5).
Note que Pedro não menciona a si mesmo como o fundamento da Igreja, mas sim Cristo. Se Pedro realmente se considerasse a rocha da Igreja, ele não teria atribuído essa posição exclusivamente a Jesus.
Portanto, à luz das Escrituras, a verdadeira pedra de fundamento não é Pedro, mas sim Cristo, aquele sobre quem toda a Igreja está edificada.
PÉTROS OU PÉTRA? A DIFERENÇA NO GREGO ORIGINAL
Uma das evidências centrais para esclarecer Mateus 16.18 é a distinção entre as palavras gregas usadas no texto original. O versículo diz:
“Respondendo Simão Pedro, disse: Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo. Então, Jesus lhe afirmou: Bem-aventurado és, Simão Barjonas, porque não foi carne e sangue que to revelaram, mas meu Pai, que está nos céus. Também eu te digo que tu és Pedro (Pétros, gr. Πέτρος), e sobre esta pedra (Pétra, gr. πέτρᾳ) edificarei a minha igreja, e as portas do inferno não prevalecerão contra ela” (Mt 16.16-18).
No grego, Pétros significa uma pedra pequena, enquanto Pétra significa uma grande rocha, um penhasco sólido. O professor de grego helenístico Abbott-Smith observa que Pétros refere-se a uma pedra menor, enquanto Pétra representa uma fundação maciça.¹
Da mesma forma, o renomado estudioso do grego bíblico Dr. Spiros Zodhiates explica que Pétros denota uma pedra que pode ser lançada por um homem, ao passo que Pétra refere-se a uma rocha imensa e inamovível.¹
Essa distinção é crucial, pois indica que Jesus estava fazendo um jogo de palavras: Pedro (Pétros) teria um papel importante na Igreja, mas a verdadeira Pétra – a rocha imutável sobre a qual a Igreja seria edificada – é o próprio Cristo.
CONCLUSÃO: QUEM É A PEDRA FUNDAMENTAL DA IGREJA?
À luz das Escrituras e da análise linguística, fica claro que o verdadeiro fundamento da Igreja não é Pedro, mas sim Cristo. Embora Pedro tenha sido um apóstolo notável e desempenhado um papel importante na Igreja primitiva, ele próprio reconheceu que Jesus é a pedra angular sobre a qual a Igreja está firmada.
Cristo é a rocha inabalável, o alicerce seguro sobre o qual fomos edificados como casa espiritual. Assim, devemos manter nossa fé firmemente ancorada nEle, pois somente em Cristo encontramos a verdadeira segurança e salvação.
“Porque ninguém pode pôr outro fundamento além do que já está posto, o qual é Jesus Cristo”. Nossa confiança deve estar plenamente nEle, pois é Ele que sustenta e preserva sua Igreja.
Christo Nihil Praeponere — “A nada dar mais valor que a Cristo”
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NOTA
¹ Estudo de Palavras e Concordância de Strong. Disponível em <https://biblehub.com/greek/4074.htm>
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